Rock Baiano, transcendência e história.

 Mais do que o conjunto perfeito de baixo, guitarra, bateria e vocal, o rock atravessa o conceito de um 'simples' estilo musical. Um pensamento, um modo de se vestir, um comportamento subversivo: o rock é, na realidade, um modo de ver a vida e por este motivo tem uma grande proporção histórica e cultural em todo o mundo.
Sempre se falou da resistência do rock baiano e de como ele mantém características próprias, seja no modo radical de reagir a certos ritmos populares, ou por não ter uma única marca forte que o caracterize ou por soar diverso como a própria música do estado. Com um histórico repleto de nomes de peso nacional, de Raul Seixas a Pitty, passando por Novos Baianos, Camisa de Vênus, Maria Bacana e Penélope, o rock feito na Bahia manteve-se em alta produção independente das marés do mercado e continua bastante ativo.
Olhando pra trás, vários nomes pouco ultrapassaram as fronteiras do estado, mas, com apresentações históricas, discos importantes ou músicas marcantes, deixaram seu legado no rock feito por aqui. No quesito shows, impossível não lembrar de dois que faziam qualquer convidado de fora virar figurante. No começo dos anos 90, a Úteros em Fúria fazia shows antológicos, que terminavam quase sempre com a banda de cuecas e metade da plateia em cima do palco. A Dead Billies cantava em inglês um psychobilly falando de filmes B que parecia ter pouco a ver com a Bahia, mas foi a cara dos anos 90 em inferninhos de Salvador. Shows inesquecíveis, com um vocalista possuído e até stripteases completos de meninas no palco marcaram época. Ambas ganharam até documentários registrando seus feitos – o da Dead Billies, pouco exibido, continua inédito na internet.
Outros nomes também poderiam ter alçado maiores voos, desde o rock mais melancólico, passando pelo punk, pelos experimentalismos, o metal e indo até o rock mais descompromissado e divertido. O que aqui já foi chamado de guitar band e rock triste, aglutinava o então indie rock, com nomes como Utopia e Treblinka, que fez história com um disco fundamental no rock baiano, e mais tarde a brincando de deus, ponta de lança de um cenário indie nos anos 90, que rendeu diversas outras bandas. Ou o punk, que revelou bandas como Pastel de Miolos e Dever de Classe, ambas de certa forma ainda na ativa. Até os sons experimentais da Meio Homem e da banda Crac!, o bom humor de grupos como Rabo de Saia e Los Canos ou a mistura de rock com outras sonoridade em bandas como Mundamundistas e Lampirônicos. Além do metal de nomes como Zona Abissal, Crânio Metálico e Trash Massacre nos anos 80, e Headhunter DC, Malefactor e Mystifier, que conquistaram espaço importante no cenário nacional e até internacional.


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